quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Já me permiti começar a escrever como um velho que não sou. Na verdade, nunca me permitiram a voz da velhice, essa de dizer e desdizer os mais novos com a autoridade da abstração da soma de todas as coisas. A questão é que já não pode haver aqueles que são mais novos, especilamente quando há os ainda mais velhos usurpados pela idade malsã e por um jovem apressado, além de tolhidos no desejo de tempo perdido, de que já não são mais. Não sem desespero, como sói ao caso, não se deixa de apontar para uma solução final, afinal. O que deve haver é uma mesma geração de todos jovens, da mesma forma que uma mesma humanidade deve abraçar a todos, que somos iguais, desde que sob o ponto de vista de ninguém, vivendo numa mesma família engarrafada num vidro emoldurado com um mapa genealógico preciso e ascendente.
Aprender a não ser especial - coisa salutar - em nada tem a ver com a alternativa do inespecífico. Mas o risco maior é o de então ouvir que "se não encontrares relação então terás de morrer".

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Só porque me sinto um velho: não é porque ficou mais fácil publicar que ficou mais fácil escrever. Ou ler. Este é apenas uma espécie de bilhete de geladeira, um aviso pra quem passa, ética para quem fica.
A tarefa de marcar passagem apontando os dedos dos pés desta forma bem merece considerações mais vigorosas e potentes que a timidez da liberdade que despontam nos recursoso mais entusiasmados da esfera pública.
Liberdade porque liberdade para então liberdade. É como um princípio pró-meio, coisa aliás o próprio risco da coisa. Retomar o exercício da liberdade e suas conseqüências exige algo de irônico, de meditativo, imagino. Diria até que acredito, na medida de um futuro incerto. É ainda inseguro, bem à moda do irônico, que recorro a Kierkegaard para fazer deste pequeno texto mais uma pontuação que uma mensagem:
"A ironia é, com efeito, uma saúde, na medida que ela liberta a alma dos enganos do relativo; é uma doença, na medida que ela não pode suportar o absoluto senão sob a forma do nada, mas esta doença é uma febre que depende do clima, e que só raros indivíduos contraem, e mais raros ainda são os que a superam." -na tradução de Álvaro Luiz Montenegro Valls.
Quem foi que disse que seria fácil? Pas moi. Nem gripado fiquei ainda. Mas chove na molera e meu nariz começa a coçar.

sábado, 8 de novembro de 2008

Linha e ponto.
Haverá saída ou qualquer partida
Para uma escrita sem falar de Euclides?
Questão leviana esta
Ou um tormentoso salto
Do toque paralelo de tudo aquilo
Nada incorreto ou assim,
Torto
E resistente a tudo que mesmo é.
Deforma que tudo o que eu digo
Gera calor
Em derretimento exemplar
O fogo inescapável e íntimo
Do passeio e da revolta de enfileirados.
Sem cheiro qualquer de carbono
Ao menos até que só carbono reste
O desenho à Teste é um carvalho modelar
Que morre ou
Se esquece ou
Nunca se soube
Enquanto a Terra sem Mal
Continua ao lado, disposta mas inatingível
Pois nosso espírito plácido, paciente e superior
Reúne forças para fazer descer – ou subir-
O céu, que está por todos, todos os lados;

E há quem caminhe para a floresta,
Cansado e inconseqüente,
Ou que repise os passos exatos de luz quente que fará este papel, já rasurado pela escrita,
Incandescer. Ou subir.