segunda-feira, 31 de maio de 2010

Na falta de um perfil meu, fizeram um pra mim.

O Refrator, se pudesse,
dizia não à respiração


Mas, como não há jeito,
de cara azeda, ele prescinde do limão

E dá a língua pro Bourdieu,
as costas pro nosso passado anão

Come farinha de Euclydes El Corno com Machado,
deixaria até Drummond morrer sem pão

Das chamas do apocalipse só salvaria
Sua mulher, dois amigos, Vian, Django, um cão










(quase chorei com a homenagem. Lindo, caro AM. Lindo. Mas Euclydes El Corno é duca. Não entendi sua presença na fila. Questão de métrica?)

DON´T BE SHY. I DO IT ALL THE TIME.

Só para evitar os apagões de comentários e minha profunda solidariedade com quem se sugere para uma conversa, nem que seja por via de um deslize.








(nem foi tão grande assim, né?)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O caminho do dente, caminho doente, caminho do ente.

Chère Lévi-Strauss;

J´ai lit son livre, la dernière mitologique. Il me fait venir dans ma tète le suivant :

UN HOMME TOUT NU MARCHANT

Um homme tout nu marchant
L´habit à la main
L´habit à la main
C´est peut-être pas malin
Mais ça me fait rire
L´habit à la main
L´habit à la main
Ah ah ah ah ah ah
Un homme tout nu
Un homme tout nu
Qui marchait sur le chemim
Le costume à la main

Je t´ambrasse.


Boris Vian, lequel arranché comme une dent et que te rencontre maintenant.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

[Enquanto isso, na Sala da Justiça...]








Pois que se espera o Reino após o Juízo Final,

ou a acese de todas as classes após a Revolução;

ou a Nova Crítica após o cinismo pós-moderno.


E assim meio à Heidegger, meio à la carte,

enquanto isso, isto.















Os super-heróis se movem no movimento do movimento.




quarta-feira, 12 de maio de 2010

Para quem "caiu no peixe é rede"*


ONG faz coleta de cabelo para limpeza de praias no Golfo do México



Publicada em 11/05/2010 às 10h00m - O Globo





RIO - Salões de cabeleireiro e fazendeiros do mundo inteiro estão recolhendo cabelo e pelos de animais para auxiliar a operação de limpeza do petróleo que, há vários dias, vaza de um poço danificado no Golfo do México. A ideia é que o cabelo, colocado dentro de meias de náilon, absorva o óleo espesso que se aproxima das praias dos Estados vizinhos ao local do vazamento - Louisiana, Mississippi, Alabama e Flórida.
Petroleira estima que gastará mais de US$ 350 milhões para limpar mancha de óleo no Golfo do México
Infográfico: Entenda a ameaça do óleo ao ecossistema
Cerca de 370 mil salões estão participando, segundo a entidade beneficente que lidera a campanha de arrecadação de cabelo, Matter of Trust.
O Brasil também está contribuindo com doações, coordenadas a partir de uma página no site de relacionamentos Facebook.
Segundo a Matter of Trust, sediada em San Francisco, na Califórnia, por volta de 200 mil quilos de cabelo e pelos estão chegando todos os dias.
Em entrevista à BBC, a co-fundadora da entidade, Lisa Gautier, disse que o cabelo é um material extremamente eficiente na absorção de todos os tipos de óleo, incluindo o petróleo.
Ela explicou que cada folículo tem grande área de superfície, à qual o óleo adere.
Voluntários estão colocando o cabelo dentro das meias em 15 armazéns nas regiões próximas ao desastre, criando imensas "salsichas de cabelo", disse Gautier.
As meias serão colocadas nas praias - não no mar - para absorver o óleo que chegar à areia.
A técnica tem a aprovação da empresa Applied Fabric Technologies, segundo maior fabricante de utensílios para a absorção de petróleo no mundo, informou a Matter of Trust.
Além do Brasil e Estados Unidos, países como França, Inglaterra, Espanha, Austrália e Canadá também estão fazendo doações, disse Gautier.
Segundo ela, a página da entidade no Facebook vem sendo atualizada constantemente com notícias de novos carregamentos.
E mais voluntários estão se disponibilizando a toda hora.
Criadores de carneiro e alpaca também estão participando, disse a entidade.
Por volta de cinco mil barris ( mais de 950 mil litros) de petróleo estão vazando diariamente no Golfo do México desde a explosão, no dia 20 de abril, no poço administrado pela empresa britânica BP, British Petroleum.





quinta-feira, 6 de maio de 2010

Eita, vambora que tá Tarde!

Antes Tarde do que nunca ou já foi Tarde, os sinais de uma pressa Tardia?

Antes de mais nada, e antes que seja Tarde, declaro que gosto, me interesso, tenho curiosidade voraz – embora hoje um tanto entorpecida – pela obra de Gabriel Tarde. Desde um pouquinho, só um pouquinho antes desta voga nacional (?) em torno dele. Vi uma edição portuguesa de Les lois de l´imitation (Rés) num sebo da Sete de Setembro, próximo ao Largo de São Francisco de Paula que quase me fez desfazer dos únicos 15 reais que tinha para o resto da semana.

(isso me lembra sempre uma piada ; havia uma obra de restauração na igreja do Largo e um dos pedreiros se desequilibrou e começou a cair do andaime de forma a evocar « Valei-me meu São Francisco ». Surpreendentemente uma mão luminosa lhe agarrou o punho e, num meio-salvamento, perguntou : « São Francisco de que ? DE QUE ? » ; apressado e indeciso o pedreiro gagueja até sua conclusão : « ... de... de... de Assis ? » no que foi largado por São Francisco de Paula ; daí o Largo de São Francisco...).

Queria ler aquilo por causa das minhas paixões; as falsificações, a mímesis, a modernidade, a ficção, a mentira, etc. Enfim, foi com alegria que recebi a notícia da tradução de Sociologia e Monadologia, e o Opinião e as massas já figura, há tempos, em minhas leituras em curso, sabe-se lá por quanto tempo. Mas há um peraí nessa história.


Há algo de desorientador na voga, no anti-Durkheim surgido nestes tempos puxado pelo cavalo Tardio. Uma coisa meio manca e chata, monocórdia sem ser qualquer iniciativa minimalista. Não que Durkheim seja uma figura acima de qualquer suspeita. Tal coisa não há. Vide o santo supracitado. E eu mesmo escrevi algumas coisas em dissensão com o founding father da sociologia antropológica, ou da sociologia francesa, ou da escola das Anées Sociologiques. Mas gostaria de um aparte.


Durkheim carrega hoje o peso de haver sugerido que seu conceito de sociedade faz apelo a uma arquitetura do transcendente, fazendo com que sejam coincidentes « Deus » e « sociedade ». Resumi algumas das passagens do projeto de conhecimento da sociologia em questão, a francesa, para um amigo muito querido meu. Sergio Pachá, filólogo e conhecedor de algumas das fontes teológicas da filosofia medieval, uma vez que é excepcional latinista. Foi ele, sem conhecer a fórmula Deus:Sociedade que ouvi inferir que há na sociologia um projeto teológico sem... Deus. Cabe perguntar, à moda da teologia, se a sociedade, caso assim queira – se é que vontade há – pode por este veículo refutar a si mesma e extinguir sua existência. Quem conhece um tantinho de teologia sabe do que estou falando. E este tipo de pergunta sugere coisa muito, mas muito sintomática.



A querela Tardia contra Durkheim é tardia. E só faz sentido quando o Estado é laico, tal como propagado num nível comunicativo em que o espaço público é composto por seres humanos (e não-humanos ; tá bom !) numa distribuição cósmica homogênea do ponto de vista político. O Estado laico faz as vezes de sociedade no esquemão de mediação das relações e do desejo pela ordem, coisinha kantiana que passeia pela paisagem. Todos os homens na cadeia dos seres, sendo este o enquadramento que precipita as fundamentações românticas sobre a singularidade, coisa desigualmente absorvida tanto por Durkheim quanto por Tarde. A querela, se posso dizer assim, só faz sentido quando o estado laico deixou de ser solução para se tornar um problema. E é neste nível que algumas das considerações Tardias são apressadas. Notem : apressadas, não erradas. Afinal, quem sou eu? E é deste problema, do Estado laico como um problema, que gostaria de seguir em novas considerações. Pretendo falar de algumas coisas que Richard Morse escreveu sobre a fundamentação tomista do Estado nas Américas e a dificuldade de discutir Tarde assim, com pressa quanto ao Brasil ; pretendo discutir a diferença (ai, a diferença!) dos modelos de desfazimento ulterior das fontes teocráticas dos aparelhos e dispositivos do Estado, movimento que começa a ocorrer com força na França, desde 1791 e como Durkheim e Tarde respondem a isso um século depois; pretendo discutir alguns dilemas dos aspectos teocráticos do patriarcalismo tutelar do Brasil, que nunca foi propriamente teocrático, dadas as lacunas da articulção política do Estado até pouco tempo atrás, e defender algumas das premissas das atividades do RESA, grupo danado de bom ao qual me ajuntei tardiamente. Com "t" minúsculo.

Mas agora não, que tá na hora de Chapolim. E depois tem Malhação.


[se o texto está um pouco legível é por responsabilidade de notas de correção de rumo do magnífico Sergio Pachá. Valeu, Sergio!]

E eu me pergunto:

Será que dá certo? Digo, numa perspectiva política ampliada, de largo escopo?


http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DOoOEGVob3UE&h=f481c

sábado, 1 de maio de 2010

Era mellhor a cegueira que o imperativo: Veja

As "tribos" têm direito a escolas próprias, o que pode ser considerado um luxo no interior do Norte e do Nordeste, onde milhões de crianças têm de andar quilômetros até a sala de aula mais próxima. "Aqui, só tinha escola até a 8ª série e a duas horas de distância. Depois que a gente se tornou índio, tudo ficou diferente, mais perto", diz Magnólia da Silva, neotupinambá baiana. Isso para não falar da segurança fornecida pela Polícia Federal, que protege as terras de invasões e conflitos agrários. Essas vantagens fizeram as pessoas assumir artificialmente uma condição étnica, a fim de obter serviços que deveriam ser universais", constata o sociólogo Demétrio Magnoli.” Revista Veja, 01 de maio de 2010. No dia do trabalho, respiro a utopia de que a Veja trabalhe. No clube que vou formar com Denise Bottmann, sujeitos como meu conhecido Shelp (no usted, caro Mathias) não entram. No dia do trabalho publicar um desserviço é tosco. É pouco. É alergia. O Magnolli já estava fora por ter escrito livros didáticos de geografia que fui obrigado a ler em meus maus momentos de letargia colegial. No más, Magnolli. Lê-lo só quando é obrigação de palmatória.

Índio que não é índio, negro que não é negro, reservas que abrangem quase 80% do território nacional e podem alcançar uma área ainda maior: o Brasil é mesmo um país único. Para espertinhos e espertalhões.”. Da mesma matéria da Veja - tosca e mal feita. Igual a Segato e DeCarvalho. A dobra do tapete (http://docurvelano.blogspot.com/2009/07/roll-jordan-roll-or-other-name-that-we.html). Contra um tribunal da raça, outro. O que me importa quem é negro ou índio por qual razão? Há de haver uma humanidade homogênea que comprove o ideário da Revolução Francesa? Ni fundeno. Ni a pal. Borracho y puto, mando a todo, todos a la putaquipariu com perdones de la puta por hacer volver a la casa tan mala gente – primeiro palavrão escrito neste ambiente, que vai ser apagado em 8 anos quando o país assumir seu viés totalitário.

Gente chata pra caralho, que acha que o salário é preço de desserviço. Já almocei com essa galera em um dia de sol em Botafogo. Fui tratado com indiferença quando perguntei sobre o serviço na Veja, quando não pior, com constrangimento. Entendi muito da vida naquela tarde. Em especial que simpatia não faz a mesa.

Desde o Zadig e o momento patético da fogueira na Babilônia que o jornalismo precisa ser considerado com suspeita. Séria. Irrestrita. A função social do jornalista não é informar. O jornalismo não tem função social. É a função social do seu leitor que é duvidar-lhe as entranhas até o osso. Desde lá. Daí sim, alguma função. Aqui também.

Gente chata. E muito.

(ser jornalista, reinventar faculdades, obrigar gente interessante a fazer a bosta da faculdade de comunicação para ter um diploma de jacu, tá OK. Reinventar o que índio e preto significa, encontrar meios de fazer a vida correr sem vergonha de ser o que quer que seja, não né? Criado no meio dessa corja, amigos de amigos, colegas de colégio, o que já ouvi enrubescido sobre índios, pretos e pardos, dos meios de eliminar a pobreza via extermínio e coisa parecida.... Enfim. Humor e piadas, eu aceito que é da vida. Mas política eu levo à sério. E o que uns fazem sendo pagos, no fio da cédula que corta a pele, eu tomo na ponta de faca, no fio da espada. É isso aí. Fiquei putinho.)

"Quando dois são um só?"

“O conteúdo lúcido desmaia aos poucos, desfazendo qualquer foco mais estreito e sem controvérsia. É assim que a fome começa a devorar – e a fome devora – algumas coisas que tiram o foco de si, e desfaz a lucidez em outra sorte de desejo, sem mira, quase sem olhos. Estes se convertem em pele e tato desfazendo a gana da contemplação mais robusta, vociferando na garganta, que são olhos também, todo tipo de contato viril, vil, anil. Ecoa no esôfago as formas indiscretas e vibráteis do sono das entranhas aos poucos despertas pelo movimento peristáltico que as anima. Com força. Deu fome. O corpo todo insútil vocifera gritando às partes numa rebeldia incontida, ou numa torcida descontrolada, num movimento de retomada das partes. Sem parte, o movimento de frenesi comuta e perde os dentes da boca já distribuídos na espinha dorsal que mastiga as dores nas costas das costelas neurais, fazendo fluir a circulação de saliva dos dedos do pé até um novo bombeio do ventrículo direito do pulmão esquerdo. E te ponho na boca, me ponho na boca, me adentro na devoragem súbita do tato longo e extenso, rogando por partes novamente antes que me dissolva todo. Ou mais ou menos isso.”

“Credo.”

Vestiu-se e tomou um copo d´água para, enfim, retornar somente após a novela e dormir.