quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Filosofia numa cacetada só (ou duas, vai), vol. 04



Bruno Latour



- Gobineau tinha razão. O Brasil não é um país sério. É só um coletivo de humanos e não-humanos.
- É verdade. Jamais fomos modernos.
- Mas não importa. Bola pra frente. Caiu no peixe, é rede.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Da universalidade do ensino

Gosto de pensar hipóteses. São versões fracas, idéias nuazinhas em pêlo sofrendo exposição precoce. Dá um ar democrático para o autoritarismo da argumentação – inventaram a argumentação para-consistente? Mas, enfim, as versões fracas. Postulamos algo que não faz muito sentido, ou que ainda não tem amarras suficientes para que tudo se funde e seguimos no liame que, uma vez posto, parece dar conta do recado desde que não se pergunte sobre o ponto de partida. A hipótese é a de uma universidade que oferece cursos para lojas de esquina. Isso mesmo. Há uma ementa que define disciplinas sobre abordagem com filipetas na convocação de transeuntes (1 semestre), outra que ensina a ler o caderno de economia e consultar um economista para refletir sobre o impacto da liquidez de investimentos no preço que se pratica na folha de papel (2 semestres; pré-requisito em noções de economia macro-econômica, com ênfase em taxa de juros e balança comercial); aliciamento familiar produtivo (3 semestres); sociologia do comércio de esquina (onde se lê o clássico Street corner society, de William Foote-White) – disciplina que oferece IC* em sociologia do boteco, com estudos aprofundados das pesquisa de Sidney Chalhoub e Luiz Antônio Machado; contabilidade 1 e 2 (2 semestres) e noções práticas de loja de esquina, com vivências e auto-avaliação.

Em um dia de calor de verão precoce, com os ânimos chamuscados pelo marasmo da falta de vento, a molecada fica com as partes pudentas suadas, cheias de excitações revoltosas. Daí, num assanhamento de um primeiro, o segundo solta os podres, fazendo da genitália uma hélice enlouquecida, correndo pelas rampas por baixo das quais se vêem as calcinhas das meninas de saiote – dias de calor, ora pois; ao sul do equador, muitas coisas permitidas. Ninguém entende nada, e como era de se esperar chega a polícia. Antes Tarde do que nunca, e a polícia também. E a história fica absurda aqui. Aqui?

Faculdade de Turismo!!!! Não há forma de preservar uma instituição universitária, mesmo expulsando uma devassa imaginária, uma vez que se funda uma faculdade de turismo. Sim. Esta é uma alegoria para a hipótese de a Uniban ser uma universidade.


*Iniciação Científica

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Nota "fúnebre": e morreu Claude Lévi-Strauss.

E morreu coisa nenhuma, o velho feiticeiro, prestidigitador, esvaziador de humanismos, matador de contendores. Gente feito ele não morre. Migra. Vai para recantos que não ousou adiantar o caminho por não haver preparo para seguidores possíveis. Discreto, avesso à própria biografia, contava só o que a palavra dizia de forma clara e distinta, mesmo que em cada frase coubesse uma franja a mais para o descontentamento com a semântica aprisionada. O positivismo roído desde dentro. O cara construiu uma máquina tradutora de casamentos (As estruturas elementares do parentesco), outra de intermímese mitológica comparada (As mitológicas, maiores e menores), além de um devaneio no povoado do real aprofundado num paisinho triste mesmo, tão triste que finge carnaval para se suportar - não entabula uma conversa conseqüente sem entrar no desespero profundo.


O velho feiticeiro enterrou todos seus contendores, ferindo-os de morte com o silêncio dos 'sem-resposta-pois-a-resposta-já-dei-antes-da-réplica-e-você-não-entendeu-nada', arte ensinada pelo velho amigo de Borges, Roger Caillois, inimigo que quase o matou com uma flecha espiritual (a última lançada pelos surrealistas antes de o sobrevôo sobre o real poder ser alugada para passeios turísticos). Deixou um Marshall Sahlins cardíaco e de sobreaviso:



"As mitológicas já estão feitas, meu caro. Não adianta."




Cabe aos que ficaram a tarefa mais difícil, a de agüentar o peso. E é melhor nem falar muito o nome do cara. Vai que ele volta, aumenta a carga e vai de novo, deixando aquilo tudo pra gente carregar adiante.


E olha que estou falando só sobre o sujeito da calça jeans. Imagina se fosse sobre o antropólgo estruturalista - num passeio surrestruturalista?