quinta-feira, 28 de maio de 2009

A Avareza e os Bonequinhos Articulados de Curar Gente

Diz-se amor à vida

do rumo tomado cheio de movimento

estripulias.

Não compor a mesa do repasto

com o diabo da régua

-as réguas sim, dão em árvores, como o dinheiro, sim-

e deixar a volúpia

contaminar os ossos da pélvis.

Há nisso um pouco de

uma bela coleção de carrinhos

e um pequeno original de Mondriand

que j´adore.


De outra forma, bastante diagonal e precisa,

pode-se igualmente dizer numa só palavra que

animado assim,


- só? -


se pode ser

selvagem.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Antes um Código Morse que um Código DaVinci


Com toda ambigüidade que a frase pode ter. Mas quero escrever com calma e coerência. Pode ser que signifique repassar e abandonar em lixeiras muito do que venha a ser disposto, hora ou outra. Mas repetir devoção ou simpatia por um código implica antes num antes. Em algo que proveio, que previria, que insurgiu como no relâmpago que antecede o braço fotografado no peito do rapaz:




Um garoto no meio do Pampa, em planícies de perder os olhos no horizonte, o que cega, se viu diante uma tempestade que se formava. Prosseguiu rumo ao umbu de adiante no qual escalou com previdência. Lá em cima, ao som das gotas, estirou o braço direito rumo a um ninho cheio de ovos. Fome. Com o braço esticado pôs-se a murmurar os dedos tentando não cair e sim, pegar os ovos. Com a seta do membro em riste, na diagonal extrema o ninho, foi de uma vez. Fulminado. Um raio o atravessou como a linha diagonal que marcava o ângulo do braço. Caiu da árvore com parte das roupas em fuligem. Foi encontrado vivo, respirando.
O flash do relâmpago, o ozônio e algo mais marcaram o peito do garoto com a fotografia do braço que, para além do ninho, apontava para sua origem. O braço. Fotografado no peito.


O raio antecede para fazer fotografia. Assim: antes um código Morse. E este é o primeiro sentido da frase. Primeiro, lembremos, significa que há antecedência. Este é o primeiro que antecipa outros sentidos. Pisamos no labirinto da coerência. Antes um código Morse. Primeiro, filho dileto, alvo de maior atenção. É ele quem cuida do filho segundo, especialmente nos momentos de socar a face e pôr os espaços da casa em trincheiras.
A simpatia? Esta vem de outras coisas. Coisas posteriores à antecipação. Quero dizer, a antecipação como um antes, não como um depois. Antecipação como depois é bem outra situação.
Mas do código Morse, o que mais pontuar senão o ruído que faz mensagem? Que coisa tão peculiar essa e que parece atrapalhar as idéias sobre a tal comunicação telegráfica que desabilita a fundação-pilar? Que gera descontínuos que fingem o abecedário mas não deixam de se amarrar na ligação do contínuo elétrico que percorre incessantemente os fios de cobre? Gostaria de rever esta relação de irmandade sobre o código, a mensagem e o ruído. Há mais religião nisso do que suponho. Em especial no ruído, que já indica que para uma certa saudade, para o corpo já é tarde demais. Fora mister aprender a acenar o adeus. E isto, esta última frase, foi um excelente trocadilho.

domingo, 10 de maio de 2009

Filosofia numa cacetada só (ou duas, vai). Volume 1 - Giorgio Agamben



(Paul Strathern, filósofo e jornalista inglês - e se não for inglês, dá na mesma - escreveu uma coleçãozinha de apresentação de pensadores ergonômicos da filosofia ocidental. A idéia era elaborar livrinhos cujo título é 'Filosofia em 90 minutos'. Li dois. Em 90 minutos cada um, cronometrado. Afora a bobajada, bateu uma inveja do cronômetro interno do infeliz. Resolvi acelerar a história. Lanço aqui a seleta Filosofia numa cacetada só (ou duas, vai). Muito mais rápido. Filosofia para quem não tem tempo para pensar (sic). Nem eu.)



Vol. 1 - Giorgio Agamben



Na era da técnica o humano emergiu de si-transcendente e se excedeu. E o resto é resto.


É-isto.


Fim.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

M(a/e)u trato com a língua


Foi Luis Fernando Veríssimo. Disse que a gramática é alguém em quem se bate todo dia para que ela saiba quem é que manda. Só avanço no sentido de que a torturo até que responda o que pergunto, diga o que preciso ouvir, leve o processo adiante. Mas não importa. Com esse método cruel - dizem - , estarei errado pois terei errado.