quinta-feira, 28 de maio de 2009

A Avareza e os Bonequinhos Articulados de Curar Gente

Diz-se amor à vida

do rumo tomado cheio de movimento

estripulias.

Não compor a mesa do repasto

com o diabo da régua

-as réguas sim, dão em árvores, como o dinheiro, sim-

e deixar a volúpia

contaminar os ossos da pélvis.

Há nisso um pouco de

uma bela coleção de carrinhos

e um pequeno original de Mondriand

que j´adore.


De outra forma, bastante diagonal e precisa,

pode-se igualmente dizer numa só palavra que

animado assim,


- só? -


se pode ser

selvagem.

2 comentários:

Tatiana Pequeno disse...

eu ainda não tinha visto isso aqui. acho que eu sou meio dona doida, como na adélia prado.
mas é impressão minha ou aqui nesse texto tem algo meio de deslumbramento por parte dos bonequinhos, já que "só" e "selvagem" são biunívocos e dependentes?

Refrator de Curvelo (na foto do perfilado, restos da reunião dos Menos que Um) disse...

Na verdade, Tati, não entendi muito suas considerações. Mas poso dizer o que há de minha parte. Há em meu blog alguns poeminhas que brincam com o que mais recentemente alguns antropólogos veram a entender por fetiche, eu mesmo tedo escrito um peueno artigo sobre bonequinhos kuna, utilizados em algums atividades de caráter xamânico. Mas como cada aplicação em curar, salvar e mover forças sempre me pareceu muito particular, entrei na onda do inverso e passei a perseguir o que fundamenta a ientificação de uma prática fetichista, isto é, o que é necessário para sabê-la. Daí o recurso aos bonequinhos, a avaritia, os estados animados da matéria e dos corpos, tudo isso me oferece um cenário onde me sinto confortável, onde me sinto tão bem quanto irresponsável. Vale lembrar que usei j´adore, coisa que diminuiu o impacto pois adoração pode ser coisa mais interessante do que o deslumbramento, dado que é como se chega à malta selvagem e se identifica a relação fetichista, entre o humano e seu objeto de crença, a quem presta adoração, põe como e fosse ouro. Nisso tudo é quase como se todo o discurso sobre o fetiche e a adoração selvagem passasse a soar a uma carta confessional. Daí a dobra no fim do poema, que põe os carrinhos e Modrian no terreno da paixão que parecia outrora tão distante. Explicado, assim, perde a graça. Espero que ninguém leia.