sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Acídia

Não queira saber do mal que faz
o mal-estar em querer
e em querer saber o mal que é
querer saber do mal
que é o que é querer
e então
querer saber.

Porque querer, e querer tanto
que faça moinho a moenda da carne
é o afastamento.
Dotado.
Muito bem dotado,
o dote das distâncias mais largas,
as que conjugam - retas paralelas -
de forma que toda relação venha a ser
sempre
uma outra coisa que não o que logo é.
E adia.

Eis o abuso do sacrifício
a desfaçatez do genocídio encarnado
o Império de logo mais
o adiamento,
a vontade que existe pelo hiato
cuja promessa é a perenidade da esperança
que todavia nego.

Porque, seja o que for,
- doing is being -
o que é é o que há.
Querer é foder.

2 comentários:

LEAL, D.A. disse...

Me lembrou Augusto dos Anjos. Muito bom caríssimo.

Refrator de Curvelo (na foto do perfilado, restos da reunião dos Menos que Um) disse...

Aqui não valem os elogios, caro Deive. Trato como se fossem mentira e, no óbvio exagero que cometeu, até que são.