Com toda ambigüidade que a frase pode ter. Mas quero escrever com calma e coerência. Pode ser que signifique repassar e abandonar em lixeiras muito do que venha a ser disposto, hora ou outra. Mas repetir devoção ou simpatia por um código implica antes num antes. Em algo que proveio, que previria, que insurgiu como no relâmpago que antecede o braço fotografado no peito do rapaz:
Um garoto no meio do Pampa, em planícies de perder os olhos no horizonte, o que cega, se viu diante uma tempestade que se formava. Prosseguiu rumo ao umbu de adiante no qual escalou com previdência. Lá em cima, ao som das gotas, estirou o braço direito rumo a um ninho cheio de ovos. Fome. Com o braço esticado pôs-se a murmurar os dedos tentando não cair e sim, pegar os ovos. Com a seta do membro em riste, na diagonal extrema o ninho, foi de uma vez. Fulminado. Um raio o atravessou como a linha diagonal que marcava o ângulo do braço. Caiu da árvore com parte das roupas em fuligem. Foi encontrado vivo, respirando.
O flash do relâmpago, o ozônio e algo mais marcaram o peito do garoto com a fotografia do braço que, para além do ninho, apontava para sua origem. O braço. Fotografado no peito.
O raio antecede para fazer fotografia. Assim: antes um código Morse. E este é o primeiro sentido da frase. Primeiro, lembremos, significa que há antecedência. Este é o primeiro que antecipa outros sentidos. Pisamos no labirinto da coerência. Antes um código Morse. Primeiro, filho dileto, alvo de maior atenção. É ele quem cuida do filho segundo, especialmente nos momentos de socar a face e pôr os espaços da casa em trincheiras.
A simpatia? Esta vem de outras coisas. Coisas posteriores à antecipação. Quero dizer, a antecipação como um antes, não como um depois. Antecipação como depois é bem outra situação.
Mas do código Morse, o que mais pontuar senão o ruído que faz mensagem? Que coisa tão peculiar essa e que parece atrapalhar as idéias sobre a tal comunicação telegráfica que desabilita a fundação-pilar? Que gera descontínuos que fingem o abecedário mas não deixam de se amarrar na ligação do contínuo elétrico que percorre incessantemente os fios de cobre? Gostaria de rever esta relação de irmandade sobre o código, a mensagem e o ruído. Há mais religião nisso do que suponho. Em especial no ruído, que já indica que para uma certa saudade, para o corpo já é tarde demais. Fora mister aprender a acenar o adeus. E isto, esta última frase, foi um excelente trocadilho.
4 comentários:
qual que é a desse aqui --> Friedrich Dürrenmatt; Justiça ?
preguiça de ir procurar no google e querendo "descrições" amistosas de livros que ainda não existem para mim.
Não li ainda. Quando o fizer, descrevo. Adianto que está esgotado e fora editado pela Brasiliense.
Bacio, cara mia. Caríssima.
Troadilho ótimo, buscar o anterior, melhor ainda. Mas, aos leigos, muito bom o despertar da dúvida, do pensamento e do questionamento, sem ser imperativo.
Sou um fã do código morse, embora nõa saiba usá-lo. Sempre me lembra uma sequencia lógica ou um raciocínio matemático. Perdoe seu amigo engenheiro por isso. Grande abraço de quem se orgulha de ser seu amigo.
Perdão? Aqui não. Nem condenação. Senta e fica à vontade.
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