quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Die deutsche ethnographie Amazonienforschung

Creio que é de conhecimento comum que a pesquisa etnográfica, especialmente aquela dedicada a ir ao mato ver índios e, por vezes, tomar flechadas, narra um capítulo bonito da aventura antropológica no país. Histórias de ombridade, coragem e dedicação. Nisso, ouvimos o nome de Curt Unkell, que terminou a vida meio yanomami, vindo a asusmir o sobrenome Nimuendaju. Entendido isso, e lembrando que o país sofreu a visita de naturalistas que fizeram as vezes de etnógrafos - como Spix e Martius -, pulamos um capítulo desta história. Ocorre que entre os naturalistas alunos ou confrades de Alexander von Humboldt e pessoas como Egon Schaden e Herbert Baldus, houve uma geração de ETNÓGRAFOS, que já assumiam esta alcunha-ofício, e singraram pelo Brasil central, e além produzindo uma fortuna teórica somente trazida à luz de vez em quando, e quase por acidente. Assim, segue uma lista de nomes, quase todos desconhecidos:




























Otto Zerris, Hans Becher, Günther Hartmann, Mark Münzel, Franz Caspar, Georg Grünberg, Dieter Heinen, Emil Heinrich Snethlage, Adolf Bastian (esse não; esse era professor de psicologia experimental - mas passamos um século ignorando seu papel), Karl von den Steinen (xingu-ólogo), Paul Ehrenreich, Theodor Koch-Grünberg, os irmãos Schomburg, Max Schmidt (que, duas décadas antes de Malinowski já defendia a etnografia de caráter malinowskiano), Fritz Krause, Hermann Meyer e Felix Speiser.




























São muitas as justificativas sobre a inexistência de traduções ou simplesmente a menção destas figuras como partícipes de uma história que, até então era narrada de forma quase que sem graça. A barreira da língua alemã é, quase sempre a motivadora maior da inexistência de remissões a uma geração que não somente inaugurou a pesquisa etnológica sistemática em solo brasileiro, como contribuiu de forma decisiva, ainda que ignorada para a consolidação de noções e fórmulas importantes para a pesquisa em antropologia social. Max Schmidt, por exemplo, elaborou o conceito de aculturação sociológica que, ainda que um completo desconhecido, permite que ponhamos a noção de aculturação de Herskovits no túmulo do pessimismo eurocêntrico ou, no mínimo, entre parênteses. Von den Steinen e Koch Grünberg são mais conhecidos, tendo seu tratado sobre o Xingu e seus diários de campo, respectivamente publicados em português, assumindo ao menos algum lugar no anedotário da disciplina no país. Mas, parece-me que estamos longe de conseguirmos ter uma idéia minimamente interessante do tamanho da aventura que foi, e é praticar etnologia no Brasil extenso.




























Boa parte desta história está no livro publicado há pouco, creio que em 2006, pela editora alemã chamada Curupira, de Marburg - o livro é Bildungsbürger im urwald - die deutsche ethnographie Amazonienforschung (1884-1929), de Michael Kraus. Resta então aprender alemão ou fazer uma reza braba para ver este livro traduzido por aqui. As informações que passo foram fornecidas por Peter Schröder e Edwin Reesink, professores da Universidade Federal de Pernambuco, a quem agradeço pela tarde agradável de conversê sobre a parte suicidada da atividade etnográfica de cujos cadáveres temos cuidado tão mal.




























































(mesmo que eu tivesse inventado todas as informações desta postagem, ainda assim valeria a pena.)

3 comentários:

denise bottmann disse...

impressionante isso, hein? incrível mesmo. acho que só editora universitária se animaria (ou deveria obrigatoriamente se animar) a publicar essas coisas que parecem tão fenomenais (e fundamentais).


invejo um pouco o capistrano de abreu, que nunca quis pôr o pé fora do brasil, aprendeu alemão deitado na rede e fez alguns bons dicionários de algumas línguas indígenas, que não lembro agora quais são. mas isso de aprender alemão sozinho, deitado na rede - ah, invejo mesmo!

Refrator de Curvelo (na foto do perfilado, restos da reunião dos Menos que Um) disse...

Numa rede? É preciso gênio.

Refrator de Curvelo (na foto do perfilado, restos da reunião dos Menos que Um) disse...

O dicionário do Capistrano, salvo engano, é de uma variação kaxinawá.