Não, já quase não, digo, não creio haver,
não muito mais. Houve de termos
sombras soltas por aí, mas lembro saber
que o sol se põe grosseiro ao sair aos
cotovelos. As folhas que se escorrem
aos montes não hão de fazer a falta que
o sol fará. O sol não há de me fazer
falta quando tudo for sombra e a cor
ausente. Será imperativo, sei obedecer,
e enrugar as peles dos dedos, mofar as
solas dos pés, deixar rasgar as dobras,
e seguir indiferente para enormidade
das galerias lotadas aonde circula a
polvorosa inchada. Os odores se calam
e o esgoto convida para entrar apagando
os rastros, criando crocodilos que
devoram a carne dos mais afoitos e
roubam o céu da boca de quem, por
descuido paterno, nunca aprendeu
a gritar. Sim, se chove, mas não é de
temperar a vida, mas de amolecer
o humor que se deixa cair no salto
suave, lento e sincronizado da
última folha. Perdido até que, e um novo
encontro nos sabores dos outros. As folhas
varridas, os carros de limpeza, os sacos
revolvendo as coisas de poeira e nojo,
embaralham o que, de fato nunca foi
de alguém, mas o grande mercado
das cores que são trocadas verão a verão.
E então, não.
Um comentário:
Insólitos enredos de um bosque de segredos.
Também amo a recordação daqueles tempos (nus).
As grandezas raras de outrora, cujo poeta recomendou-me a leitura, transformaram-se em belezas de evasão... Talvez por não serem grandes, nem agora nem antes...?
Doces calores, sei, existirão. Existiram.
A musa doente de ar magoado explicita sua loucura e aflição. Se tem medo de ser certo o que a princípio está equivocado, tem consciência de se perder no consenso moralista das paixões que não tem razão.
De resto, você está preparado para o outono, resta esperar que caiam as folhas na capital da França.
Michelle
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