MÜLLER, Herta. O discurso fúnebre in Depressões. Globo. Rio de Janeiro. 2010. trad. Ingrid Ani Assmann.
Eu não leio em alemão. E o que leio, soa a Naturwissenschaftslehre, inadequado para ritmo curto das frases testemunhais da prosa literária. Ainda assim, abri o livro. Era para ser uma coisa rápida. E foi.
Eu não leio em alemão. E o que leio, soa a Naturwissenschaftslehre, inadequado para ritmo curto das frases testemunhais da prosa literária. Ainda assim, abri o livro. Era para ser uma coisa rápida. E foi.
Não tive
outra impressão senão que se tratava de uma ruiva. E que tudo não seria um
grande pesadelo. Mas o Nobel ruiu quando, na última frase vertida para o português,
li que o despertador tocou, que era sábado de manhã, cinco e meia. A
última frase deveria ser sou ruiva e são
cinco e meia da manhã.
O sangue escorrido nos ombros na paisagem sórdida
da guerra que emoldura o horror do velório, do discurso fúnebre que o conto
todavia é, conduzido afinal pelas trança incendiadas da mãe vestida num preto transparente de certo erotismo mortuário. Este conto deveria ser Disgrace, deveria ser um romance, deveria se dar na África do Sul. Era algo enorme e, no entanto, interrompido à moda de um filme ruim,
pelo despertador, às cinco da manhã. É só um conto que acaba rápido num tiro de
fuzil metafórico.
Ruínas duram muito tempo em um mundo arruinado.
Mais respeito da próxima vez.
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