segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

A presença da resolução

O MEDO
trama as suas vestes
sobre a nossa pele
em dias de calor imenso.
Do leste não virá somente
mais um novo dia,
calor,
o dia,
a manhã.
É o luminoso do movimento
das sombras que repetem
que é a guerra,
é a guerra,
e somente a guerra que
sulca no papel
os limites do país,
o apetrecho visual dando mostras
de que algo na paisagem imóvel das fronteiras
sempre,
sempre,
sempre
se move. É a guerra que se move.
Que nos amortece pelo costume de
sempre se mover lenta, constante,
e aparecer quando imóvel. Imóvel porque inferior na equação que permite que distingamos a dor do movimento.
Não há memória e é a guerra.
É a guerra.
É a guerra.
A outra coisa,
qualquer outra coisa,
a mais linda, apaziguadora, sorridente,
coisa,
repete o adágio sanguinolento
o princípio da morte suficiente -
o soberano, por fim.
Aceleram os dias, aumenta o calor, 
o gesto torna-se visível
- bailado das sombras. 
E o medo.
É o medo de que com a chuva
o frescor e a água cesse o calor e
com ela, finalmente, o movimento.


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