segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Falha de São Paulo eliminada? Eliminado?

Daí que eu recuperei o texto de fechamento de forma a evidenciar o evento antes que nem mesmo se possa marcá-lo. Até porque, com as eleições, há muita gente que acha que sabe como o país funciona, qual é a marca de seu poder constituinte. Na verdade, meu medo é maior, mais abrangente, e não assina por nome de Dilma, Serra ou qualquer outro. Pior, meu medo ensinou a lermos o nomes dos candidatos citados. Por isso retomo o texto. Não por concordar, não por conhecer, mas por perceber que o grave do espaço público é que é plenamente possível, em plena era do voyeurismo, fazer quase tudo por debaixo dos panos. A melhor forma de esconder é deixar à vista.











Os responsáveis por este texto não foram notificados quanto ao teor desta publicação e não têm qualquer responsabilidade, e o que faço, faço sem qualquer consentimento.


Há duas semanas resolvemos fazer um site de humor destinado à crítica da cobertura jornalística, o Falha de S.Paulo (www.falhadespaulo.com.br), uma sátira ao jornal “Folha de S.Paulo”. É um site com críticas? Sim, claro. Tão duras quanto as feitas pelo CQC, Casseta & Planeta ou José Simão, por exemplo. Hoje recebemos uma decisão liminar (antecipação de tutela, concedida pela 29ª Vara Cível de SP) que nos obriga a tirar o site do ar, sob pena de multa diária de R$ 1.000. A desculpa utilizada pelo jornal para mover a ação foi o "uso indevido da marca" (tucanaram a censura).
É chocante a hipocrisia da Folha. Se isso não é censura e um atentado inaceitável à liberdade de expressão, juro que não sabemos o que é. Chega a ser cômico: o mesmo jornal que faz dezenas de editoriais acusando o governo de censura e bradando indignado por “liberdade de expressão” comete esse ato violento de censura. Ato este, aliás, bastante covarde: o maior jornal do país movimentou um enorme escritório de advocacia e o Poder Judiciário contra um pequeno site independente. É muita falta de humor, de esportividade, de respeito à democracia.
Senhores proprietários e advogados da Folha, podem ficar tranquilos. Todos ainda poderão ser satirizados, menos vocês. Todos merecem liberdade de imprensa, menos quem não é da sua turma. E, como ao contrário de vocês, respeitamos as instituições e a democracia, vamos cumprir a ordem judicial.
Parabéns, Folha! A censura imposta por vocês será cumprida.



Lino Ito Bocchini e Mario Ito Bocchini



Se a acusação procede, e se houve uso indevido de marca, é porque embora haja desvio denotativo da marca entre os dois veículos, ocorre coincidência conotativa.



Melhor sorte aos Bocchini da próxima vez.