Amanhã começa daqui a pouco.
Gotejo de sono - e me lembro que preciso me vedar para não escorrer todo assim devagarinho. Mas lá vai. Queria medir o intermédio.
Não que seja grande coisa. Provavelmente não, ou nem provavelmente sequer. Talvez chato, irritante. Mas t'aí.
Nunca consegui ter clareza com o formato de amanhã, muito menos como um intervalo. É um lapso. Pior quando daqui a pouco. O horizonte menos horizontal de futuro que há. Fugaz sem a decência de uma utopia, sem o barulho da turba revolucionária ou a comoção hippie pós-Beatles que falou que o sonho acabou. Mas lá vai. Daqui a pouco. Daqui. Aqui mesmo. Daqui até ali, nesse pouquinho que falta, miséria desmedida, mistério pouco. E não vai até que foi. Isso é daqui a pouco. Não tem quando e é tempo. Amanhã na iminência é a forma acabada do inferno de pequenas causas, o destino sem chegada, acordar do sono ainda moleque, mas já na cama tendo estado no carro do pai antes do lapso à noite.
Lá vai.
Amanhã.
E persiste essa porra. Daqui a pouco é que fica pra trás, à frente.
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