quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Para falar em público

Sentado à margem do rio, perguntou-se sobre a possibilidade de o mesmo ser, como à moda dos geômetras, um poliedro. Porque, no traço, o octaedro deixa-se contar com as maquinações dos números em se encerrar por definição num oito que, apesar dos jogos ideogramáticos, em nada se assemelha com o infinito. Está lá, inteiro e auto-contido nas retas que lhe traçam o perfil. Não é um mapa, mas sua identidade.

Na beira, uma grama verde e curta, moldada pelo artifício de um qualquer que lhe dá a tosa. Não grande coisa, deixava-se correr pela imposição da inclinação do terreno até seu vir a ser: mar, represa, outro rio, quem sabe. Disposto no exercício da ignorância percebeu que não importando o grau de abstração e o esforço intelectivo, era preciso reconhecer: apesar das margens, um rio sempre sugere ter mais do que os parcos dois lados divulgados pela propaganda do governo; o governo seu e o dos outros. Não fosse assim, pontes e afogamentos, patos e peixes seriam, via de regra, proibidos.

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