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“However, to those who have been taught to regard essentialism as the
gravest of intellectual sins it is necessary to explain that certain things are
essential to that project – as
indeed there are to “India” as a nation-state. To say this is not equivalent to
say that the project (or “India”) can
never be changed; it is to say that each historical phenomenon is determined by
the way it is constituted, that some of its constitutive elements are essential
to its historical identity and some are not. It is like saying that the
constitutive rules of a game can never be subverted or changed; it is merely to
point what determines its essential historical identity, to imply that certain
changes (though not others) will mean that the game is no longer the same game.”(Asad, 1993:18).
West and the rest. É esta a clivagem
para a qual Asad mais se dedica na contenda com Geertz. É o ponto e que
concentra sua agressão exatamente por ser esta a fronteira criada pelo
exercício da modernidade vindo a exprimir termos particulares desta relação, em
particular como se constituem os modernos o resto do mundo como o exercício de
seu negativo; os limites da extensão da contemporaneidade e o atraso evolutivo
atualizado nas formas mais variadas; o privilégio do tempo futuro da gramática
expressiva da noção de progresso. Ainda que completamente envolvida com a cisão
os temas da pesquisa antropológica moderna a obriga a se aproximar
demasiadamente da relação e seus protagonistas, esta gente que não produz e que
não tem nada a acrescentar ao projeto da modernidade. Carrega consigo o fardo
da inutilidade política, filosófica, teórica porque, enfim, toma a estranha
decisão algo epistemológica de andar com as pessoas erradas e, de alguma forma,
participar do seu jogo.
Seria este o
exercício proposto por Geertz, o de estudar
na aldeia?
Lembrando
uma querela que persiste para além dos anos 1980, os temos de Writing Culture e a predicação da
cultura via George Marcus e James Clifford vale retomar um lembrete. Antes de
mais nada, o antropólogo é um autor. A antropologia, por determinação da
condição humana ou mesmo por inspiração na Ciência
Nova, é um artifício e a cultura um complexo ficcional. Produzir as thick descriptions defendidas por Clifford Geertz é, desde o
começo a definição de uma agenda de pesquisa que Asad problematiza. A
antropologia como um código semiótico que, à forma dos demais, constituem a
base da orientação humana como uma coisa feita. É ficção. A teoria da ação
parte de um sujeito emancipado que, em Geertz não vai além de uma pragmática
engaiolada ou, segundo a sua remissão à obra de Max Weber, suspensa numa teia
de significados que é, por fim, a cultura. Ora, se a agência implica na
extensão do ato e sua posse, o que pode um sujeito que só faz ficção?
Seguramente, não muito mais do que antropologia, o que é algo como uma redução
ao cômico:
“Anthropologists
have not always been aware as they might be of this fact: that although culture
exists in the trading post, the will fort, or the sheep run, anthropology
exists in the book, the article, the lecture, the museum display, or, sometimes
nowadays, in the film. To become aware of it is to realize that the line
between mode of representation and substantive content is an undrawable in
cultural analysis as it is in painting; and the fact in turn seems to threaten
the objective status of anthropological knowledge by suggesting that its source
is not social reality but scholarly artifice.” (Geertz, 1973:16)
A redução ao
cômico é um aspecto menos idiota do que parece, ou é perfeitamente idiota num
certo sentido, digo, no sentido certo. Abre alas para a agência de um fator
decisivo do esforço etnográfico de um certo culturalismo que recusa a narcose
estética oferecida pelo ópio dos grandes modelos teóricos do tipo “the world according to me”. Franz Boas,
em 1887 publica um elogio à geografia em favor de sua atividade eminentemente
descritiva. Recuperar aqui este elogio por via de um desvio
analítico-pragmático à Gilbert Ryle faz com que, de certa forma Geertz se
alinhe com uma determinada questão ética imposta ao etnógrafo. Refunda a
relação com ela operando no regime em que a mesma determinação das cores que da
ótica passa pelos olhos de quem vê constitui o espaço de definição em que a
antropologia e a condução da reflexão é feita junto aos amigos inúteis em um
ambiente artificial, dado que ficcional. O caso é que cultura meramente
ficcional provoca um pequeno distúrbio acerca da noção de alteridade,
especialmente quando os amigos inúteis afirmam na primeira pessoa do plural que
“não somos agentes da história, nem mesmo da nossa e o que fazemos não é ficção”
recusando, por exemplo, a simetria por vezes perversa, por vezes redentora
entre antropologia e conhecimento local.
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