quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Com a carne moída


Tudo isso, enfim,
porque
não consigo dormir,
não consigo acordar
do sono intenso
do sonho imenso,
encruzilhada sem ponto,
sem nó,
e é só
por isso que o caso segue, assim, e eu sangro para dentro – não por dentro – deitando o sangue para todos os lados, desde que sob a capa fina da epiderme que é para evitar que vaze o caldo pardo, que entorne – transtorno líquido – sobre-efeito sístole-diastólico da pressão que demora sem explodir antes da meia-noite, fronteira meio dia, meio não.
Que seja para usar de uma faca, uma lasca de ardósia, uma caneta bico de pena, ou mesmo uma folha de papel sulfite, só para fazer sangrar o mundo afora dando a minha carne à carne que me assombra desde dentro e que em vôo solo em cada ponto-cego distrai – eu, já desatento – do mero aceno ou da mais presente memória
e que só faz seguir
a presença desencarnada
a quem então ofereço meu sangue,
sacrifício tenro de um corpo
meio-morto, meio dia
em meio à noite,
que quer acordar
e dormir,
e só. 

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