Saudosa
ressaca dos olhos de quando ainda havia maré.
Existe
uma arte na qual os olhos são medidos pelo fosso aberto pela pupila desejosa de
ver o que, invariavelmente, é visto. Eis o alimento que, quando falta, cobra a
dívida da água d’antes no qual o imperialismo dos sentidos assume os ares, as botas e as roupas brancas do coronel. Tempos de seca, fossos selados, alma trincando aos
poucos enquanto as vestes traduzidas em grãos e poeira seguem levadas pelo
vento, que parece levar consigo não somente o humor, mas a paisagem toda. Eis a
estação da vida em que mesmo o esgoto é fonte de umidade; em que o verme é
sinal de vida. Enfim, estamos em êxodo, não sobrará ninguém - dizem os olhos abertos com as íris cheias de si, oprimindo o canal que faria da pupila todo um oceano que agora vê, mas não enxerga não vertendo mais do que um fio d'água correndo em ampulheta. E acabou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário